Empresários e conselheiros temem que medidas para conter o avanço do novo coronavírus possam provocar o novo fechamento da ilha, que já ficou sete meses com visitação proibida
Os moradores de Fernando de Noronha participaram, nesta terça-feira (9), de uma reunião do Conselho Distrital para discutir o possível novo fechamento do turismo na ilha. Com o avanço dos casos da Covid-19, cresce entre empresários o temor de uma segunda proibição de visitação ao arquipélago.
A ilha ficou fechada para o turismo, de março a outubro de 2020, por causa da pandemia do novo coronavírus.
O debate sobre a possibilidade de novo fechamento da ilha foi proposto pelo trade turístico ao Conselho Distrital. A sessão foi realizada na sede do Conselho, na vila Floresta Velha.
Os donos de pousadas, comerciantes, taxistas e os conselheiros relataram as dificuldades econômicas no período do fechamento.
A presidente do Conselho de Turismo (Contur), Dora Costa, afirmou que o setor não suporta um novo fechamento. Ela reclamou, ainda, da falta de informações por parte do governo para um planejamento.
“Nós sofremos com a falta de informação. Depois de nos organizamos após o fechamento de sete meses, agora ouvimos notícias de novo lockdown. Não somos contra a ciência, mas, se for necessário, precisamos saber por quanto tempo ficaremos fechados”, falou Dora Costa.
A redução no número de voos já tem data confirmada. O gerente executivo da Dix, empresa que administra o aeroporto de Noronha, Samuel Prado, esteve na reunião e informou que a companhia Azul vai cancelar um dos dois voos diários para a ilha, a partir do dia 1º de abril.
“Nós recebemos a comunicação do cancelamento de um voo diário da Azul. A empresa vai ficar com um voo diário. Eram dois. Desta forma, a ilha passa a ter um avião da Gol e outro da Azul diariamente”, disse Prado.
Vacina
A presidente do Contur afirmou que o trade turístico formalizou solicitação de dez mil doses de vacina contra a Covid-19 para aplicação nos cinco mil moradores da ilha.
O presidente do Conselho Distrital, Otávio Minervino, disse que o órgão vai solicitar ao governo do estado agilidade no envio das vacinas para Fernando de Noronha.
“O remédio é vacinar toda a comunidade. Vamos procurar o administrador da ilha, os deputados e o governador para traçar o caminho para que Noronha não feche. A solução é a vacina”, indicou o presidente.

Respostas
Por meio de nota, a Azul informou que a mudança na escala de voos ocorreu por causa de “medidas de restrições implementadas em todo o país”. A Azul disse que “está ajustando a operação de voos para os próximos meses”.
“A companhia esclarece que está em contato com os clientes para providenciar a reacomodação deles e reforça ainda que, visando garantir a saúde e o bem-estar dos clientes e tripulantes, segue rígidos protocolos sanitários que foram implementados desde o início da pandemia”, relatou a nota.
Procurada, a Administração da Ilha para saber se há previsão de novo fechamento do turismo de Fernando de Noronha e perguntou sobre a programação de vacinação.
O administrador de Noronha, Guilherme Rocha, respondeu por meio de nota. “O fechamento da ilha para o turismo não é cogitado pelo Governo de Pernambuco. Noronha já viveu a experiência do lockdown, em um momento em que se fazia necessário interromper a entrada de pessoas na ilha, até a que um rigoroso protocolo fosse estabelecido para uma retomada segura”, informou.
Rocha disse, ainda, que a entrada de visitantes obedece a regras que se mostraram eficientes no controle da Covid-19.
“Os números de registros da doença seguem estáveis. A Vigilância em Saúde trabalha incansavelmente na investigação epidemiológica dos casos suspeitos, ajudando a reduzir os riscos de contágio. Além disso, a vacinação em Fernando de Noronha avança”, indicou a nota.
O administrador afirmou que “todos os esforços estão feitos para garantir novas doses para a imunizar da população”.
Covid-19 na ilha
O boletim divulgado pelo governo local, na segunda-feira (8), informou que Noronha registrou 569 casos de Covid-19, desde o início da pandemia, em março de 2020.
Desse total, 508 pessoas estão recuperadas e dois óbitos foram confirmados. Há, ainda, um paciente internado em um hospital de referência no Recife e 58 em quarentena na ilha.
A Administração de Noronha não contabilizou a morte moradora da ilha, Emanuele Costa, que viajou para o Recife no dia 5 de fevereiro e teve o diagnóstico de coronavírus no mesmo dia que desembarcou no continente. Emanuele morreu no dia (25) de fevereiro.
G1