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Governo de Pernambuco critica volta de cruzeiros marítimos para Fernando de Noronha

Em vídeo que circula nas rede sociais, o presidente da Embratur, Gilson Machado Neto, e o senador Flávio Bolsonaro anunciam volta de cruzeiros a Fernando de Noronha Redes Sociais - Foto: Alex Uchoa/Divulgação

Em vídeo, o senador Flávio Bolsonaro afirma que agência está ‘desatando os nós’ da legislação para que segmento seja melhor explorado no país

O presidente do Instituto Brasileiro do Turismo (Embratur) Gilson Machado Neto anunciou a volta dos cruzeiros ao arquipélago de Fernando de Noronha, composto por 21 ilhas. Em resposta, o governo de Pernambuco afirmou que a medida causará impactos na infraestrutura do local.

Em um vídeo que circula pelas redes sociais, Gilson Machado afirma, ao lado do senador Flávio Bolsonaro (sem partido-RJ), que “Noronha é um dos lugares com maior vocação do mundo para mergulho de contemplação.” “Acabamos de aprovar junto à Marinha mais doze novos pontos de naufrágio para agregar ao turismo de Noronha, como também estamos destravando a volta dos cruzeiros marinhos em Noronha. É isso aí, estamos aqui hoje fazendo a vistoria dos recifes artificiais, do Programa Nacional de Recifes Artificiais”, diz. De acordo com Flávio Bolsonaro, a Embratur está “desatando os nós dessa legislação, para permitir que esses segmentos também sejam muito melhor explorados pelo nosso país”.

Em nota, o secretário do Meio Ambiente e Sustentabilidade de Pernambuco, José Bertotti, afirma que a intenção do governo Federal em autorizar a entrada de cruzeiros em Noronha “deixa mais uma vez evidente a maneira como a União lida com o tema meio ambiente”. “Fernando de Noronha é Patrimônio Natural da Humanidade, as 21 ilhas do arquipélago abrigam uma biodiversidade única e não podem ser alvo do modelo de turismo predatório sugerido no vídeo publicado pelo senador Flávio Bolsonaro e pelo presidente da Embratur, Gilson Machado”, acrescenta.

A Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade de Pernambuco ressalta que o arquipélago tem uma capacidade limitada para receber visitantes, e afirma que o governo Federal desconhece as “consequências de colocar na ilha mais de 600 pessoas de uma só vez, como acontece no caso dos navios de cruzeiro”.

Em outro trecho da nota, o governo de Pernambuco afirma que a proposta da Embratur deixa “claro como os representantes do governo federal se ocupam muito mais em querer impor um tipo de visitação que não respeita a natureza do que focalizar sua energia em iniciativas que respeitam o meio ambiente ou que ofereçam melhores condições de vida aos moradores do arquipélago”.

Leia abaixo a íntegra da nota do governo de Pernambuco:

Nota Oficial 

A informação de que o Governo Federal vai “autorizar” a entrada de cruzeiros marítimos em Fernando de Noronha deixa mais uma vez evidente a maneira como a União lida com o tema meio ambiente. Fernando de Noronha é Patrimônio Natural da Humanidade, as 21 ilhas do arquipélago abrigam uma biodiversidade única e não podem ser alvo do modelo de turismo predatório sugerido no vídeo publicado pelo senador Flávio Bolsonaro e o presidente da Embratur, Gilson Machado.

As referidas autoridades desconhecem a existência da limitação do número de visitantes em Fernando de Noronha e as consequências de colocar na ilha mais de 600 pessoas de uma só vez, como acontece no caso dos navios de cruzeiro.

O Governo de Pernambuco, responsável pela administração do território estadual de Fernando de Noronha, tem investido em programas sustentáveis como o Plástico Zero, que impede a entrada de embalagens plásticas descartáveis na ilha e o Carbono Zero que, através de uma lei, determina a substituição gradativa dos veículos a combustão por elétricos no local.

Além disso, novas ações estão em processo de contratação como o novo estudo de capacidade de suporte, plano diretor e a lei de uso e ocupação do solo.

Somente no ano passado, o Governo de Pernambuco investiu R$ 10,5 milhões na melhoria das condições de vida dos moradores de Fernando de Noronha com a construção de casas populares, uma nova creche, a sede do CRAS e novos equipamentos para o Hospital São Lucas, além de uma requalificação total do porto.

Fica claro como os representantes do Governo Federal se ocupam muito mais em querer impor um tipo de visitação que não respeita a natureza do que focalizar sua energia em iniciativas que respeitam o meio ambiente ou que ofereçam melhores condições de vida aos moradores do arquipélago.

Seguiremos firmes no propósito de manter Fernando de Noronha como uma referência de preservação ambiental e de boas práticas de sustentabilidade e de turismo.

José Bertotti
Secretário de Meio Ambiente e Sustentabilidade de Pernambuco

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