por Alessandra Lontra
A inteligência artificial está moldando um novo tempo, veloz, hiperconectado e repleto de possibilidades. E nesse cenário, a economia criativa se reinventa. Não como coadjuvante, mas como protagonista de um futuro em que sensibilidade e tecnologia precisam caminhar juntas.
A chamada economia criativa reúne atividades baseadas na cultura, no conhecimento, na arte, na originalidade e na inovação. Nela estão o design, o audiovisual, a música, o artesanato, o patrimônio, a gastronomia, o marketing, as startups, os games, e, com cada vez mais força, o turismo. Sim, o turismo é um dos motores mais potentes da economia criativa, pois transforma histórias, saberes e territórios em experiências que tocam o coração e movimentam economias locais.
A inteligência artificial entra nesse ecossistema como aliada. Ela acelera processos, automatiza tarefas, sugere caminhos, amplia o alcance de ideias. No audiovisual, gera roteiros e animações; no design, propõe composições e paletas; na moda, antecipa tendências. No turismo, pode ajudar a personalizar jornadas, analisar dados de comportamento, mapear desejos, traduzir idiomas, gerar roteiros temáticos e até apoiar comunidades a contarem melhor suas próprias histórias. Mas a IA não cria sozinha, ela depende da curadoria, do repertório e da intenção de quem está por trás da tela.
A inteligência artificial tem ampliado as possibilidades de criação e acesso a recursos técnicos, permitindo que mais pessoas se envolvam em processos criativos e inovadores. No entanto, a base sólida do conhecimento, da prática e da formação especializada segue sendo o diferencial que sustenta a qualidade, a autenticidade e a profundidade das criações. Em um cenário repleto de ferramentas automatizadas, ganha relevância quem alia repertório, ética, sensibilidade estética e visão crítica. O valor da técnica, da pesquisa e da trajetória profissional não se perde, ele é ainda mais necessário para dar sentido e direção às inovações.
Criar com IA é possível. Criar com alma ainda é essencial.
Não se trata de escolher entre humano ou máquina, mas de encontrar o ponto de equilíbrio. A IA nos desafia a repensar o que é ser criativo em uma era onde ideias podem ser processadas em segundos. O diferencial está em quem sabe transformar dados em emoção, velocidade em significado, inovação em valor social e cultural.
Por isso, não basta dominar ferramentas. É preciso pensar criticamente, agir com responsabilidade e criar com propósito. A tecnologia passa. A criatividade com alma, não.
Alessandra Lontra é jornalista multimídia especializada em Turismo, mercadóloga e turismóloga provisionada pela ABBTUR. Com mais de 40 anos de atuação estratégica, é referência nacional em inovação no setor, com forte atuação em governança, roteirização, comunicação digital e inteligência artificial aplicada ao turismo. Lidera o portal Ale Lontra – Notícias em Movimento para um Turismo Além do Óbvio