Por que uma cidade, que está muito bem-posicionada no mercado turístico, precisa se reinventar ou tentar resolver problemas que afetam a sua população?
Você não precisa concordar comigo, mas ser proativo é aceitar o feedback da população e preparar-se para a onda da “destruição criativa”, termo criado pelo economista austríaco Joseph Schumpeter, em 1942, para definir como as inovações desestruturam o mercado, dando lugar a novos produtos e processos.
Não importa quão bom seja o destino turístico. Se não continuar se transformando e se qualificando, maiores são as chances de perder esse lugar no mercado competitivo do turismo. Um destino turístico perde sua posição no mercado, quando há inconsciência, do quanto a relação de confiança e de bem-receber geram satisfação para a sua população e para os turistas. Outro fator é a falta de agilidade para tomar decisões, diante de um mercado que se move bem mais rápido. A transformação de um destino turístico aumenta a sua demanda, mas também amplia os sentimentos de empolgação, de insatisfação e de preocupação da população, com relação a sua qualidade de vida. A gestão transformadora de destinos turísticos deve ter a clara compreensão de que a liderança tem um papel significativo, na busca de estratégias competitivas.
O declínio de um destino turístico não acontece apenas por erro, mas por se acomodar e viver o sucesso, como se ele fosse permanente. Todos os dias descobrimos novas histórias de sucesso, de destinos turísticos bem-posicionados. A ilusão de ser líder do mercado e ter o controle da situação é uma mentalidade fixa que se usa para desistir de olhar para o futuro, em troca da riqueza no curto prazo. Um dos problemas mais comuns é que a maioria dos administradores não acompanham as tendências e continuam comercializando o destino turístico com as mesmas experiências de décadas. Enxergar o destino turístico e o seu entorno é uma decisão assertiva, para evitar o fluxo turístico em um só lugar, ampliar o tempo de permanência dos turistas, desenvolver o turismo sustentável e integrado com experiências diferentes e autênticas, que podem atender até ao mercado internacional.
Posso afirmar que o estado da Paraíba vive o seu melhor momento, com sua capital João Pessoa, cidade criativa da UNESCO, bem-posicionada no mercado turístico. Mas a Paraíba, além João Pessoa, tem mais, oitenta novos destinos turísticos, que compõem os 26 novos roteiros do estado e que somam para a experiência inovadora do turista.
A interiorização do turismo é um dos diferenciais competitivos, considerando-se que, as pequenas experiências são pontos de partida para as mudanças necessárias, com a diversidade de opções inusitadas, para as várias modalidades do turismo.
Manter os olhos atentos para a inovação das experiências do turismo é abraçar o novo. Para a futurista Jasmine Bina, CEO da Concept Bureau e analista em comportamento do consumidor, “tendências de viagem como para observação de estrelas, romance de férias, turismo nostálgico, turismo do sono, detox digital e assim por diante, nos mostram que as pessoas estão buscando se reconectar com algo maior do que elas mesmas.”
É incrível como a Paraíba tem novas descobertas. O telescópio artesanal “Esperança no Espaço” é um projeto criado pelo diretor do Presídio da cidade de Esperança – PB, Lindemberg Lima, para a ressocialização dos apenados. Esse projeto foi vencedor do Prêmio LED 2024, na categoria “Empreendedores e Organizações Inovadoras”.
O município de Queimadas – PB, logo se interessou pelo telescópio e através da consultoria de Agente de Roteiros Turísticos do SEBRAE – PB, criou o seu roteiro noturno, possibilitando a observação de planetas, da lua e das estrelas. Um produto turístico que faz parte do Catálogo de Experiência Turísticas da Paraíba. Segundo a BBC News Brasil, algumas tendências irão bombar em 2025, dentre elas: o turismo noturno, férias calmas, férias com aventuras sociais e destinos menos conhecidos em alta, que estão contempladas no Catálogo de Experiências da Paraíba.
Enfim, desafiar as razões de ser de qualquer destino turístico, exige avaliação constante para se evitar a miopia estratégica de marketing.
Regina Medeiros Amorim
Mestre em Visão Territorial e Sustentável do Desenvolvimento,
Pós-graduada em Gestão e Marketing do Turismo,
Gestora de Turismo e Economia Criativa do SEBRAE – Paraíba