Um queijo de leite de cabra produzido na região do Cariri Paraibano foi destaque no VI Prêmio Queijo Brasil, que aconteceu em Blumenau (SC), de (7) a (9) de julho. O queijo Macambira, que passou a ser desenvolvido a partir de treinamento ministrado pela Embrapa Caprinos e Ovinos na região, foi um dos 127 premiados com medalha de Ouro do concurso, que avaliou 975 queijos de 18 estados brasileiros.
O queijo Macambira foi desenvolvido a partir da técnica de coagulação ácida, utilizada para produção de queijos como Boursin e Pelardon. A possibilidade de adaptação da técnica, bastante utilizada na França e outros países, às condições de produção de queijos no Brasil foi apresentada pela Embrapa em treinamento em 2021, no município de Cabaceiras (PB), e motivou o produtor rural Renato Brito, proprietário do capril Encanto da Macambira, de São João do Cariri (PB), a diversificar sua oferta de produtos.
“Foi a partir do curso que resolvi produzir o Macambira e regionalizá-lo, uma vez que ele é inspirado no queijo francês Pelardon, que eu só conhecia em vídeos. Já tinha tentado produzir queijos deste tipo, mas não tive êxito. Após a capacitação foi que tive o resultado esperado”, destaca Renato. O capril se dedica à produção de queijos artesanais desde 2016, além de também produzir manteiga e requeijão.
Com este êxito na produção de um queijo fino e o reconhecimento obtido por meio do Prêmio, Renato se diz incentivado a aumentar a produção do Macambira e de outros queijos, mantendo a mesma qualidade. “Esse queijo é diferente, é voltado para um grupo de pessoas que sabe apreciar um bom queijo com sabor marcante”, avalia ele.
Tecnologias para agregação de valor ao leite de cabra
Tanto a capacitação realizada em 2021, como outras iniciativas de treinamento desenvolvidas pela Embrapa Caprinos e Ovinos nos últimos anos na região da divisa entre os estados da Paraíba e Pernambuco – considerada a maior bacia de produção de leite de cabra no país, com produção anual de 7,5 milhões de litros de leite – tem como objetivo principal agregar valor aos produtos desenvolvidos pelos produtores e laticínios locais. Com isso, é possível diversificar a oferta de produtos e buscar novos mercados.
O curso, que abordou técnicas de fabricação de queijos por meio de coagulação ácida foi uma ação da Embrapa no âmbito do Projeto Dom Hélder Câmara (PDHC), coordenado pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, com cofinanciamento da Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola – FIDA. Além da capacitação em Cabaceiras (PB), outras duas foram realizadas em Sumé (PB) e em Sertânia (PE).
O pesquisador Luis Eduardo Laguna, da Embrapa Caprinos e Ovinos, atuou nessas capacitações como o instrutor que apresentou as técnicas de fabricação de queijos. Segundo ele, uma vantagem dos cursos foi a possibilidade de adaptar o conteúdo às demandas de mercados locais em cada um dos municípios. “Hoje o território já está bem servido de tecnologias e os frutos estão aí”, afirma ele.
A possibilidade de adaptar técnicas para produção de queijos finos, usadas em países europeus, também foi apontada como uma vantagem para a realidade local. “A coagulação ácida é utilizada há muito tempo na França, foi adaptada pela Embrapa e pôde ser transferida a esses produtores”, explica Antônio Egito, também pesquisador da Embrapa Caprinos e Ovinos.
Além da transferência de tecnologias para a fabricação dos derivados lácteos, a Embrapa também tem atuado, em parceria com instituições, cooperativas, laticínios e produtores rurais da região da divisa entre Paraíba e Pernambuco em projetos de pesquisa para a validação de novas tecnologias de produção e agregação de valor aos produtos baseados no leite caprino. Atualmente, além do PDHC, estes arranjos para projetos de pesquisa contam com a colaboração da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado da Paraíba (Fapesq) e BNDES.
Prêmio Queijo Brasil
O Prêmio Queijo Brasil reúne atores das cadeias produtivas de queijos artesanais, em evento que conta com concursos, feira de exposição de produtos e palestras. Participam do Prêmio produtores, queijistas, comerciantes, consumidores, jornalistas, chefs de cozinha e donos de bares e restaurantes de diferentes estados brasileiros.
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