Imersão do Brasil Cachaças no Engenho Baraúna revela como a Paraíba transforma o destilado em cultura, experiência e identidade nacional
Da cana-de-açúcar à garrafa, cada etapa revela uma história. No dia (16) de outubro, o Engenho Baraúna, localizado em Alhandra (PB), recebeu jornalistas, profissionais de turismo e de gastronomia para uma imersão técnica que percorreu todo o processo de produção da cachaça artesanal, das moendas e dornas de fermentação aos alambiques de cobre e tonéis de carvalho e umburana e terminou com um almoço harmonizado e degustação das cachaças premiadas do engenho.
Mesmo fora do período de moagem, o roteiro impressionou pela riqueza de detalhes e pela dedicação à qualidade. E foi na sala de descanso dos barris, feitos de carvalho e umburana, que o grupo viveu um dos momentos mais marcantes da visita: o aroma adocicado e amadeirado da cachaça envelhecida tomou conta do ambiente, traduzindo em sensações o que antes era apenas processo e técnica.
A imersão fez parte do fampress do Brasil Cachaças 2025, festival que acontecerá de (22) a (25) de outubro, em João Pessoa, reunindo produtores de 14 estados e marcas premiadas de todo o país. Mais do que uma prévia do evento, o encontro foi um mergulho na história, no trabalho artesanal e no potencial turístico que tornam a cachaça um dos maiores símbolos da cultura brasileira.
Sob o comando de Alexandre Rodrigues, o Engenho Baraúna é hoje uma das principais referências em produção artesanal na Paraíba. Com capacidade de cerca de 150 mil litros por safra, alia práticas tradicionais a controles tecnológicos rigorosos, garantindo pureza e qualidade em cada lote.
O engenho segue as normas do Ministério da Agricultura, eliminando substâncias como o metanol e assegurando uma bebida legal, segura e de excelência.

“Nosso compromisso é com a qualidade e com o respeito ao consumidor. A cachaça precisa ser tratada com seriedade e orgulho, como produto legítimo e responsável”, destacou Alexandre, que prepara para o festival o lançamento da Cachaça Pura Baraúna, envelhecida por dois anos em barril de baraúna, uma inovação no Brasil e no mundo.
A visita técnica também reforçou a importância do turismo de experiência como ferramenta de valorização econômica e cultural. Durante o percurso, os participantes puderam compreender como o turismo agrega valor à cadeia produtiva da cachaça ao transformar conhecimento técnico em vivência sensorial.
A imersão mostrou, de forma clara, que o turismo e a cultura caminham juntos para fortalecer a economia criativa e o sentimento de pertencimento. A experiência no Engenho Baraúna revelou que a cachaça é mais do que uma bebida: é identidade, memória e expressão do território paraibano, um símbolo vivo da tradição e da criatividade do povo nordestino.
De acordo com o Anuário da Cachaça 2025, o Brasil produziu mais de 292 milhões de litros no último ano, um crescimento de quase 30% em relação a 2023. O Nordeste respondeu por cerca de 20% desse volume, com destaque para a Paraíba, que vem se consolidando como polo de excelência com marcas premiadas e rotas turísticas especializadas.
Mais do que um festival, o Brasil Cachaças 2025 reforça o compromisso com uma cachaça legal, segura e de qualidade, valorizando a produção responsável e fortalecendo o elo entre empreendedorismo, turismo e cultura.
A diretora do evento, Fernanda Melo, adiantou que a nova edição trará seminários, feira de exposição, degustações, oficinas e o tradicional Salão do Queijo da Paraíba, além de debates sobre inteligência artificial, exportação e proteção de marcas.
“O Brasil Cachaças é um movimento de valorização da bebida genuinamente brasileira. Cada garrafa carrega história, trabalho e identidade”, afirmou Fernanda.
Realizado no Espaço Cultural José Lins do Rego, o festival promete celebrar os sentidos, conectar pessoas e colocar a Paraíba no centro da cena nacional da cachaça, um produto que é, ao mesmo tempo, tradição, inovação e orgulho brasileiro.
Alessandra Lontra