Monteiro, no Cariri paraibano é destaque no Brasil e no mundo ao receber o título de Cidade Mundial para a Renda Renascença
A notícia de que Monteiro, no Cariri paraibano havia recebido o título de “Cidade Mundial para a Renda Renascença” foi recebida com grande entusiasmo nesta segunda-feira (23) de maio, pelo município, pela região e por todos os parceiros envolvidos nessa “caminhada” pelo reconhecimento.
A partir de parcerias e unindo em suas tramas singulares, a cultura, a história e as tradições do Cariri paraibano, a renda renascença se tornou um símbolo internacional do artesanato da Paraíba de forma inédita no Brasil, com título.
O reconhecimento, chancelado pelo Conselho Mundial de Artesanato, é fruto de um trabalho realizado por meio de parcerias entre o Sebrae Paraíba, o Governo do Estado e a Prefeitura de Monteiro, que com o apoio de outras instituições, conduziram o processo de candidatura da cidade.
“Todos os parceiros envolvidos foram de fundamental importância para que essa conquista chegasse a Monteiro. Foi um trabalho árduo, mas muito prazeroso porque pudemos fortalecer laços, percorrer novos caminhos e fazer muita história, como a conquista deste título, que vem a somar para que nossa terra tenha sempre o reconhecimento que merece, e nada melhor que representados pelas nossas artesãs, mulheres de fibra, que conquistam novos espaços a cada dia”, comemora a prefeita Anna Lorena.
Por sua vez, a gestora do Programa do Artesanato Paraibano (PAP), Marielza Rodriguez, enfatizou que o reconhecimento do Conselho Mundial de Artesanato é fruto dos diversos investimentos e ações como o desfile do Ronaldo Fraga, “#SomostodosParaíba”, que trouxe a arte das rendeiras para as passarelas, inspiradas no traço do artista plástico paraibano, Flávio Tavares, que posteriormente ganharam vida na edição virtual de 25 anos do “São Paulo Fashion Week” com looks em 3D.
A criação do Centro de Referência da Renda Renascença (CRENÇA) foi uma das ações mais importantes. Inaugurado no final do ano passado, o espaço nasceu com a proposta de valorizá-la e de contribuir, por meio de orientação e capacitação, para a sua preservação histórica e cultural.
“Além do Governo do Estado da Paraíba, por meio de dois programas de sucesso, que são o PAP e o PROCASE, tivemos também investimentos do Sebrae PB, que atua firmemente no local, e da Prefeitura de Monteiro, que não mede esforços para que toda a produção tenha apoio e possa conquistar o mercado e a qualidade que merece. Além disso, temos a grande participação das próprias rendeiras, que continuam insistindo, resistindo e acreditando nos nossos projetos e nos nossos sonhos”, pontuou.
De acordo com a gerente regional do Sebrae Paraíba em Monteiro, Madalena Arruda, a conquista do título é um coroamento do trabalho que diversos atores e instituições realizam no Cariri do Estado há mais de 20 anos, em prol do reconhecimento e da valorização da renda renascença, não só enquanto símbolo cultural da região, mas também como indutora de uma cadeia produtiva responsável por geração de emprego e renda no Cariri.
“Esse título coroa todo um trabalho que se iniciou há mais de 20 anos, com o Pacto Novo Cariri, projeto que deu uma nova vida para a região. São mais de duas décadas de luta, em parceria com vários atores e com os principais protagonistas dessa história, que são os membros de todo esse arranjo produtivo, não só de Monteiro, mas de todos os municípios do Cariri que fazem parte dessa cadeia produtiva. A partir de agora, esse título representa uma nova vida e um novo momento de desenvolvimento para a região, sendo o mais importante de tudo isso a conquista de uma vida mais digna para as rendeiras do Cariri”, destacou.
O título
Primeira cidade do Brasil a integrar a Rede de Cidades Artesãs do Conselho Mundial de Artesanato, Monteiro teve a sua candidatura estruturada por meio de um trabalho conjunto de diversas instituições, entre elas o Sebrae Paraíba, que realizou uma consultoria durante o processo. Com a conquista do título, a cidade representa toda a região do Cariri, especialmente os municípios de Zabelê, Camalaú, São João do Tigre e São Sebastião do Umbuzeiro, que concentram a maior parte das rendeiras do estado. Segundo estimativas de pesquisadores, mais de três mil artesãos permanecem produzindo este tipo de artesanato singular, que nasce do manuseio apenas de linha e de agulhas.
“A renda renascença não se trata de qualquer artesanato, uma vez que exige todo um processo, uma verdadeira trama em seu fazer, que se perpetua de geração em geração no Cariri paraibano. Segundo a história, arabescos, flores e folhas são os principais desenhos que foram passados às artesãs por suas bisavós, avós, mães e tias. Logo, essas mulheres continuam resistindo e preservando esse ofício e a nossa cultura”, concluiu Madalena Arruda.