Por Alessandra Lontra
Sempre que surge a pergunta sobre o que esperar do turismo em 2026, a resposta não está no futuro. Está no presente. Está nas escolhas que estão sendo feitas agora pelos municípios que decidiram tratar o turismo com seriedade e pelos que seguem empurrando o tema com a barriga.
Quem vive o turismo no território sabe onde o problema começa. Começa quando o conselho não se reúne, quando o plano não sai da gaveta, quando a política pública depende de vontade pessoal e quando cada gestão recomeça do zero. Turismo não sobrevive a descontinuidade.
Não falta potencial aos municípios. Falta responsabilidade. Falta assumir que turismo exige método, orçamento, equipe mínima e decisão política. Falta entender que não se governa destino turístico com improviso nem com ação pontual para foto.
O visitante que está chegando não quer mais ser tratado como espectador de cenário. Ele quer entender o lugar, ouvir quem vive ali, consumir o que é produzido ali e sentir que sua presença faz sentido. Isso só acontece onde existe organização e respeito ao território.
Assumir identidade não é marketing. É gestão. É decidir o que entra, o que não entra e por quê. É sustentar escolha mesmo quando ela desagrada. É ouvir comunidade, artesãos, guias, produtores e parar de fingir participação social.
Governança não é slogan. É rotina. É conselho que delibera, plano que orienta, rota que é oficial, orçamento que existe. Onde isso não acontece, o turismo vira evento e evento não constrói desenvolvimento.
A tecnologia, tão falada, não resolve ausência de gestão. Inteligência artificial não cria política pública, não forma equipe, não estrutura destino. Ela organiza o que já existe. Quando existe base, ela ajuda. Quando não existe, apenas mascara o vazio com texto bonito e promessa falsa.
Em 2026, essa conta vai chegar. Os municípios que trataram o turismo como política pública vão avançar. Os outros vão continuar reclamando que o turismo não funciona. Não porque o turismo falhou, mas porque foi negligenciado.
E aqui está o ponto que precisa ser dito com todas as letras.
Turismo não é favor.
Não é evento.
Não é vitrine.
Turismo é responsabilidade pública.
Quem não assumir isso agora não vai perder turista.
Vai perder tempo, recurso e credibilidade.
E essa perda não se recupera com discurso.

Alessandra Lontra é jornalista multimídia especializada em Turismo, mercadóloga e turismóloga provisionada pela ABBTUR. Com mais de 40 anos de atuação estratégica, é referência nacional em inovação no setor, com forte atuação em governança, roteirização, comunicação digital e inteligência artificial aplicada ao turismo. Lidera o portal Ale Lontra – Notícias em Movimento para um Turismo Além do Óbvio. www.alelontra.com.br.

