Feira internacional de Negócios Criativos e Colaborativos acontece entre os dias ( 4) e (10) de maio e conta com palestras, atrações musicais e plataforma de exposição de negócios
O mundo jamais será o mesmo. É o que falam muitos historiadores acerca da atual situação pandêmica enfrentada pela humanidade. Diante do isolamento social compulsório, as mais variadas áreas foram afetadas, saúde, política, desenvolvimento, economia… Empresas grandes e pequenas foram surpreendidas por um cenário de incertezas, além do gigante impacto financeiro. A digitalização dos negócios tornou-se urgente e obrigatória, e a criatividade e inovação destaque na hora da escolha do produto e ou serviço, elementos marcantes na Economia Criativa.
Em entrevista com Lala Deheinzelin, futurista, especialista em novas economias, uma das fundadoras do Núcleo de Estudos do Futuro da PUC – SP, parte do United Nation Millennium Project, foi assessora da presidência do Sebrae Nacional e alcançou o sistema ONU, como assessora especial em Economia Criativa.
Considerada pioneira na área no Brasil, fala como ela pode ajudar nos momentos de crise, e sua relevância durante a pandemia. Lala destacou a importância de eventos e feiras que busquem difundir conhecimento na área e rompa com a ideia de que Economia Criativa é apenas artesanato, reforçando a importância da Feira Internacional de Negócios Criativos e Colaborativos Digital (FINCC 2020), que acontecerá de forma totalmente online, entre os dias 4 e 10 de maio, organizada pelo Sebrae Paraíba, da qual ela é grande entusiasta, há anos acompanhando os programas pioneiros desenvolvidos neste estado. O evento contará com palestras, atrações musicais e plataforma de exposição de negócios.
Lala, você atua há anos no setor de economia criativa, oferecendo consultorias, proferindo palestras, participando de eventos. Como você vê a economia criativa no Brasil. Estamos atrasados em comparação à outros países ou ainda temos muito o que aprender sobre isso?
A Economia Criativa, em alguns países, é central dentro da economia, e isso deveria ser estendido para todos os países, porque ela é sustentável, visto que não é baseada em tangíveis, em extração de materiais da natureza, mas as principais matérias primas são intangíveis: a criatividade, o conhecimento, os propósitos.
A Economia Criativa é estratégia central no Reino Unido, é uma das principais economias na China, que é um exportador de Economia Criativa, e o Brasil está uns 20 anos atrasado. Aqui falta tudo, só não falta criatividade. Em termos de políticas públicas é uma tragédia, houve grandes retrocessos e o Sebrae é o sistema que mais atua nesse segmento, fazendo o possível, avançando sem que exista uma priorização estratégica, legislações adequadas, financiamento , reconhecimento da importância de quanto ela pode ser uma solução.
Quais os principais desafios da Economia Criativa?
O principal desafio é a mudança de mentalidade. Ainda estamos muito presos a ideia de que riquezas são geradas principalmente através de comodities ou com infraestrutura. E isso nos mantêm na contramão da história. Então o principal desafio da Economia Criativa é uma mudança de pensamento em todas as áreas, no setor público, no setor empresarial e, sobre tudo, compreender que há uma imensa diferença entre Economia Criativa e a feira de artesanato ( que eu aliás adoro) Ela é um elemento da Economia Criativa, mas a Apple também é economia criativa, o Google também, todos os games, tudo que é movido por inteligência e feito com tecnologia.
O que mudou neste segmento com a pandemia da Covid-19 (novo coronavírus)?
Na pandemia, tudo o que é solução, ou seja, inteligência, consultoria, tecnologia, que são itens da Economia Criativa cresce, e fica mais difícil para artistas , turismo e para aqueles que comercializam produtos O que fazer? Exatamente o que está fazendo a Feira Internacional de Negócios Criativos e Colaborativos (FINCC 2020): ampliar ações para o online, o que já era uma necessidade há muito tempo e agora com o novo Coronavírus, teve o processo acelerado, levando muitos negócios a fazerem a transição para o digital de forma imediata, o que é extremamente positivo.
O que você espera da FINCC 2020, a primeira feira internacional de negócios criativos totalmente online?
Tendo feiras digitais é possível ampliar mercados desde que se saiba fazer uma boa exposição. O que precisa é atrair uma diversidade de expositores de Economia Criativa, para romper qualquer imagem pré concebida .
E preparar esses expositores, para que possam fazer negociações fora de seus territórios e até internacionais, porque o mercado muitas vezes não está em território nacional. É possível fazer isso. Creio que a ideia da FINCC é tão pioneira que será como um protótipo. Foi uma decisão corajosa e assertiva. A Paraíba saiu na frente mais uma vez. Eu acho que após essa primeira vez de forma digital, será preciso ter alho assim recorrente, continuidade.
Algo interessante a acrescentar?
É o momento de compreender que o mundo mudou, historiadores dirão antes e depois da pandemia, e nós precisamos nos ajustar a isso e compreender que como todo momento de transição, ele traz coisas difíceis e positivas. A economia colaborativa vai ser essencial, não vai ser possível para nenhum tipo de negocio operar sem união. Vai ser preciso muito compartilhamento. Teremos que aprender a fazer junto. Empreendedor criativo, agora é hora de repensar o seu futuro, conhecer as novas economias, se apropriar de tudo que é digital e saber que o teu futuro depende da tua capacidade de se unir a outros. Com a grande vantagem de que isso torna a vida muito melhor.