Plataforma de agendamento e gestão digital para atrativos turísticos foi um dos destaques do Bossa Summit 2023
Tássia Lima Correia, jornalista por formação, fez mais que transformar em realidade o sonho de viver uma vida saudável, em meio à natureza e construir uma família. De braços dados com o Sebrae, a startup que fundou com o marido é hoje um case de expressão nacional – a Janoo (@janoo.horadeviajar), plataforma de agendamento e gestão digital para atrativos turísticos (https://janoo.com.br).
Casou-se no início de 2012, na Chapada Diamantina, no Vale do Capão (vila localizada em Palmeiras-BA) com o engenheiro de computação Lucas Miranda de Oliveira Moreira, de 39 anos. “Meu marido tinha casa no Capão e começamos a avaliar a possibilidade de irmos viver naquela região”, recorda. Em março daquele ano, quando ainda estava em lua de mel, prestou concurso para a vaga de jornalista na Secretaria de Turismo de Lençóis – município vizinho a Palmeiras – e foi aprovada.
Em agosto, mudou-se para Lençóis e viu a vida dar uma guinada. “Começamos a observar que, naquela época, já havia acontecido uma dinamização da internet na Chapada e aos poucos nosso projeto foi saindo do papel”, comenta ao revelar que tinha o objetivo de empreender com o marido, em atividade que unisse comunicação e tecnologia, com foco em ordenamento turístico. No entanto, observaram que a utilização de tecnologia em turismo ainda era muito incipiente na Chapada Diamantina. Lucas concluiu o mestrado em modelagem computacional e em pouco tempo já estava morando em Lençóis com a companheira e futura sócia.
A ideia
Passaram um tempo pensando a respeito do que queriam fazer e Tássia recorda com carinho o nascimento do projeto, em 2013. “Tivemos a felicidade de ter a ideia durante passeio às cachoeiras do Buracão e da Fumacinha, em Ibicoara.” Na trilha, o casal avaliou que há um rol de requisitos que devem existir para que o turismo seja realmente uma experiência transformadora. Naquele momento, entenderam que não iriam desenvolver atividades tais como atuar como guia ou abrir uma pousada. Queriam algo diferente.
Enquanto a Janoo estava em maturação, em paralelo, Tássia e Lucas criaram outros produtos. Desenvolveram alguns trabalhos de tecnologia, como sistemas de gestão para agências de turismo e estabelecimentos comerciais de Lençóis e adjacências. “A Janoo já estava em nossa órbita, enquanto íamos construindo espaço no mercado, adquirindo reconhecimento e credibilidade”, avalia Tássia.
Com a pandemia, todas as pessoas para as quais já haviam desenvolvido algum tipo de produto começaram a procurá-los com o objetivo de informar ao turista sobre o funcionamento dos atrativos, com regras específicas. “O Parque Nacional da Chapada Diamantina nos contatou para divulgar quais atrativos estavam fechados, quais estavam abertos e quais as normas de visitação. A Janoo nasceu para o mercado neste momento, como uma plataforma de comunicação entre o gestor do atrativo e o visitante”, definiu.
A plataforma possibilita o agendamento online para atrativos turísticos na Chapada Diamantina. O visitante tem acesso às regras de visitação, preços, compra de ingressos, com direito ao envio de pesquisa de satisfação. Os passeios acontecem nos municípios de: Mucugê, Andaraí, Lençóis, Palmeiras, Igatu, Ibicoara, Morro do Chapéu, Itaetê, Iraquara e Nova Redenção.
Gestão
Durante o processo de criação da startup, Tássia e Lucas realizaram pesquisas com gestores públicos e privados da região e também ouviram com atenção as impressões dos moradores locais e a Janoo foi oficialmente lançada em 2020. Atualmente, integram o time da Janoo 10 pessoas (entre sócios, diretores, conselheiros e funcionários), todos residentes na região.
Para Tássia, a Chapada Diamantina é a ‘menina dos olhos’ da Janoo, mas avisa que o objetivo é expandir o alcance de atuação. Prova disso é que o site já oferece passeios no povoado de Baixio, no município baiano de Esplanada, no litoral norte da Bahia. Ao todo, são oferecidos mais de 80 destinos.
Um dos principais clientes da Janoo é a Cachoeira do Buracão. Quem quiser visitar o ponto turístico, pode comprar o ingresso pela plataforma e apresentar o QR Code na entrada. Os dados gerados a partir do processo ajudam o gestor do espaço a identificar quais os dias de maior movimento, o perfil do grupo em visitação, além de fornecer outras informações. Com isso, é possível identificar o que está indo bem e o que deve ser. A ferramenta possibilita, ainda, que o gestor cadastre condutores e realize o fechamento de caixa.
Sebrae
Ao constatar que o ecossistema de inovação da Chapada Diamantina dispõe de poucos atores, Tássia rumou para Salvador em busca de aprimoramento. Em 2021, a Janoo estava entre as 15 selecionadas do programa Acelera +, do Sebrae Bahia. A oportunidade ofereceu modelagem do negócio; validação no mercado; desenvolvimento do produto ou serviço; branding e marketing digital; gestão financeira e jurídica; e acesso a capital.
Na sequência, surgiu a seleção para uma aceleração via Áity Incubadora no Parque Tecnológico da Bahia, que decorre do convênio celebrado entre a SECTI (Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação) e o Sebrae Bahia. “Nos inscrevemos porque vimos a diferença que faria estarmos inscritos neste processo. Lá soubemos de várias oportunidades, nos mantivemos em contato com outros empreendedores. Sem falar na importância de estarmos sendo reconhecidos como uma startup de produção”, sinaliza Tássia.
A empresária reconhece que as capacitações no Sebrae levaram ao amadurecimento da empresa. “Tivemos vários insights importantes, como ampliação do foco de comercialização, expansão para gestão e entendemos o que é escalabilidade. Já tínhamos as sementes do que queríamos fazer. Mas os processos com o Sebrae clarearam o caminho. Para nós, o Sebrae é a ponte entre o mercado da Chapada Diamantina e o mundo”.
Em 2021, a Janoo foi escolhida entre as três melhores startups da Bahia no Salvador Startup Summit (SSASS) e representou o estado na etapa nacional da disputa. O evento foi promovido pelo Grupo Rede Mais e pelo Sebrae.
Segundo Tássia, foi o Sebrae que possibilitou que a Janoo fosse projetada fora da Bahia. “Foram 10 anos trabalhando na Chapada Diamantina. Sem o Sebrae, acessar outros espaços teria sido muito difícil. Sem falar que nossos custos foram muito menores. Ser apresentado pelo Sebrae é muito mais fácil.”
A Janoo também foi selecionada pelo Startup Nordeste, outro programa do Sebrae que, na avaliação da empresária, foi um marco em termos de incentivo. “O Sebrae é, atualmente, nosso principal parceiro”, diz.
Nos dias 23 e 24 de março deste ano, Tássia participou de duas rodadas de negócios no Bossa Summit 2023 com grandes corporações do setor turístico e está em tratativas com um investidor e um PoC (Proof of Concept) – agente que valida a ideia de um negócio. “Foi muito importante pra gente apresentar a Janoo numa perspectiva nacional”, frisou.
Sobre crescimento, Tássia revela que a Janoo atingiu o breakeven – momento de equilíbrio da empresa, quando custos e despesas operacionais se igualam à receita. “Tivemos contato mais próximo com empresas de outros segmentos e também com outras startups de turismo que seriam concorrentes, mas que viraram possibilidades de parcerias. Nosso próximo passo é conquistar o mundo”, garante.
“Acredito que é muito importante para as startups fazerem parte desses convênios porque a empresa é lançada para o mundo. O objetivo da missão é trazer um mercado que talvez em Lençóis Tássia não conseguiria acessar”, destaca Patrícia Castro de Jesus, gestora da Agência Sebraelab do Colabore. Ela lembra ainda que são muitas as possibilidades que emergem para uma startup como a Janoo ao participar de eventos com a potência do Bossa Summit e avisa que este ano existe a possibilidade de a empresa participar de nova missão.
