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Pequenas cidades ganham protagonismo no movimento de interiorização do turismo

Pequenas cidades guardam grandes experiências de vida - Imagem: IA por Ale Lontra

por Alessandra Lontra

O turismo brasileiro está vivendo um tempo de virada. O que antes girava em torno de grandes capitais e destinos consagrados agora se descentraliza em direção ao interior do país. As pequenas cidades, antes invisíveis no mapa das viagens, despontam como protagonistas de uma nova fase que valoriza cultura, autenticidade e identidade local. É nesse movimento que se encontra uma das maiores oportunidades de desenvolvimento sustentável para o Brasil contemporâneo.

Não é coincidência que o viajante de hoje busque experiências humanas e verdadeiras. As ruas tranquilas de municípios do interior, o café coado na hora, a conversa com o artesão, a festa de padroeiro ou a feira de agricultores oferecem muito mais do que produtos: entregam pertencimento. Ao escolher pequenos destinos, o visitante participa de uma vivência que escapa da massificação, gera memórias afetivas e cria laços duradouros.

Esse protagonismo, no entanto, não é apenas uma demanda espontânea. Ele já se consolidou como estratégia nacional. O recente Salão Nacional do Turismo, realizado em São Paulo, reuniu mais de 35 mil pessoas e destacou justamente a interiorização como pilar do desenvolvimento turístico brasileiro, durante o Encontro das Instâncias de Governança Regional (IGR) de todo o Brasil. Em meio a grandes debates e negociações, ficou evidente que o futuro do setor passa pelo fortalecimento dos municípios que, até pouco tempo, ficavam à margem das grandes políticas públicas. O evento foi a confirmação de algo que já estava em curso: as pequenas cidades são o novo motor do turismo nacional.

O impacto é direto. Quando um destino interiorano recebe visitantes, a economia local inteira se movimenta. A pousada ganha, mas também o restaurante da esquina, o bar da praça, os produtores rurais, os músicos, os guias de turismo e os artesãos. Cada real gasto se multiplica na comunidade e ajuda a fixar as pessoas em seus territórios, reduzindo desigualdades e fortalecendo a autoestima coletiva.

A interiorização não é apenas uma tendência passageira: é um projeto de país. Requer planejamento, qualificação e políticas integradas, mas acima de tudo exige que se preserve o que dá valor a esses lugares, sua autenticidade. Porque é justamente o simples, o genuíno e o original que se transformam em diferenciais competitivos frente a um mundo globalizado e padronizado.

As pequenas cidades não querem ser cópias de destinos maiores. Elas querem e devem ser reconhecidas pelo que têm de singular. E, ao assumirem esse papel com coragem e visão, tornam-se a grande aposta do turismo brasileiro. O Salão apenas confirmou em grande escala o que quem viaja pelo interior já sabe: o futuro do turismo está escrito nas páginas da vida cotidiana dos pequenos municípios. É ali, no silêncio das praças, no canto das feiras, no calor da hospitalidade, que se desenha um novo tempo para o Brasil viajado.

Alessandra Lontra é jornalista multimídia especializada em Turismo, mercadóloga e turismóloga provisionada pela ABBTUR. Com mais de 40 anos de atuação estratégica, é referência nacional em inovação no setor, com forte atuação em governança, roteirização, comunicação digital e inteligência artificial aplicada ao turismo. Lidera o portal Ale Lontra – Notícias em Movimento para um Turismo Além do Óbvio. www.alelontra.com.br.

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