Peixe-leão avança no mar do Brasil e é encontrado no naufrágio Vapor Bahia, em Pernambuco
Ontem, dia (11) de março durante uma expedição ao naufrágio Vapor Bahia, localizado no município de Goiana, no mar adjacente à praia de Ponta de Pedras, na Costa de Pernambuco, na região Nordeste do Brasil, a cerca de 4 Km da costa, em uma profundidade de 25m, o Prof. Múcio Banja, da Universidade de Pernambuco (UPE), mergulhador e especialista em arqueologia subaquática, que faz parte do Projeto Conservação Recifal (PCR), encontrou um peixe-leão, que é considerado uma espécie invasora na região do Atlântico Ocidental e do Caribe.
O naufrágio do Vapor Bahia ocorreu em 12 de junho de 1910, quando o navio colidiu com uma pedra e afundou. Desde então, o local se tornou um recife artificial e um ponto de mergulho popular para turistas e mergulhadores experientes.
Também conhecido como peixe-diabo, O peixe-leão é uma espécie exótica e invasora que vem causando grande impacto ambiental nos recifes de coral do Atlântico Ocidental e do Caribe. Originário do Indo-Pacífico, foi provavelmente introduzido na região por meio do comércio de aquários. Mas de acordo com pesquisadores, existe uma bioinvasão da espécie no Caribe que vem ocorrendo desde a década de 80, e agora a população cresceu muito e começou a migrar para o Atlântico. Já há registro do peixe-leão no Brasil no Pará, no Amapá, no Piauí, no Ceará, no Rio Grande do Norte e agora em três locais de Pernambuco. Por enquanto, não há nenhum registro na Paraíba.
Em Pernambuco o primeiro registro do peixe-leão aconteceu em 2020, no arquipélago de Fernando de Noronha, depois o peixe foi visto em fevereiro deste ano em Itamaracá e ontem, dia (11) de março, ele foi encontrado no naufrágio Vapor Bahia.
O Prof. Múcio Banja alertou para o fato de que a presença do peixe-leão pode representar um risco para a biodiversidade marinha da região, uma vez que nenhuma outra espécie o reconhece como presa, assim, ele permanece no topo da cadeia alimentar não tendo predador natural. Além disso, a espécie é conhecida por sua capacidade reprodutiva e voracidade. Sua presença também pode levar à degradação dos recifes de coral, já que sua alimentação pode desequilibrar a cadeia alimentar e causar a morte de outras espécies. Ele ressaltou ainda, a importância de se promover medidas de controle para evitar a propagação do peixe-leão em novas áreas e preservar a rica fauna e flora marinha do Brasil.
Com uma aparência peculiar e colorida, o peixe-leão é bastante apreciado como animal de estimação. No entanto, seu tamanho médio de 30 centímetros e sua dieta voraz – que inclui crustáceos, moluscos e pequenos peixes – o tornam uma ameaça à biodiversidade marinha. Além disso, sua capacidade reprodutiva é impressionante: uma única fêmea pode liberar até 30.000 ovos a cada quatro dias.
Para tentar controlar a expansão do peixe-leão, algumas iniciativas têm sido realizadas, como a promoção do consumo da espécie em pratos típicos e a organização de eventos de caça ao peixe-leão para pescadores locais. Além disso, a conscientização da população sobre os riscos da introdução de espécies exóticas e invasoras é fundamental para evitar novas introduções e combater a propagação das que já estão estabelecidas.
O peixe-leão se alimenta de outros peixes, atacando-os por meio do veneno presente em seus espinhos. Por isso, só deve se habilitar a capturá-los, mergulhadores e pescadores experientes, pois ele possui veneno nos espinhos que ficam nas nadadeiras dorsais, onde tem uma peçonha que inoculada nos seres humanos, as toxinas podem causar dor, febre e até convulsões. Ele pode viver em até 100 metros de profundidade e preferencialmente longe da praia, abrigados em corais. Caso a pessoa ache um peixe-leão e não tenha experiência nesse tipo de captura, o ideal é marcar as coordenadas no GPS de onde o peixe foi avistado e comunicar as autoridades ambientais para que eles façam a captura.
O peixe-leão é um exemplo claro dos riscos associados à introdução de espécies exóticas e invasoras em novos ambientes, pois ele causa um desequilíbrio ambiental e socioeconômico, pois seu apetite voraz, devora os peixes que são alvos da pesca artesanal. A preservação da biodiversidade marinha e a manutenção da saúde dos recifes de coral dependem da adoção de medidas preventivas e de controle para minimizar os impactos negativos causados por essas espécies.
O achado do peixe-leão no naufrágio do Vapor Bahia mostra a importância do monitoramento constante da biodiversidade marinha e da adoção de medidas preventivas para evitar a introdução de espécies exóticas e invasoras em novos ambientes. A preservação do meio ambiente marinho é fundamental para garantir a sustentabilidade dos ecossistemas e a qualidade de vida das comunidades costeiras.
Alessandra Lontra