Setor é um dos mais afetados pela pandemia. Segundo consultor, momento exige atenção às finanças e planejamento para o futuro
O fechamento de lojas, shoppings e atrações culturais em decorrência do coronavírus tem afetado o comércio como um todo. O setor do turismo, porém, é um dos mais impactados. Segundo estimativas da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), o setor perdeu cerca de R$ 2,2 bilhões em faturamento apenas na primeira quinzena de março.
Diante do cenário, micro, pequenas e médias empresas do setor devem se preparar para os efeitos – e começar a se planejar para a retomada.
Veja, abaixo, algumas recomendações para este momento.
Agilidade
Segundo Alexandre Robazza, consultor do Sebrae-SP, o primeiro ponto importante é ter uma resposta rápida a qualquer mudança no mercado, incluindo as restrições a viagens. “Sem a possibilidade de se locomover, não tem turismo. Esse é um ponto a ser considerado por empresas que pensem em continuar abertas”, diz.
Olho nas finanças
Em seguida, vem o momento de olhar para o fluxo de caixa e analisar gastos que podem ser cortados. Manter um hotel fechado, por exemplo, pode ser menos custoso do que abri-lo para atender apenas um hóspede.
Uma alternativa é oferecer férias a funcionários ou permitir que eles usufruam do banco de horas. Se o empreendedor constatar que não terá capital suficiente para cobrir as despesas no curto e médio prazo, pode ser necessário buscar crédito no mercado.
Planejamento
Apesar da paralisação nos serviços, Robazza destaca que empresas devem usar o período para planejar os passos futuros. “Estamos considerando uma retomada entre agosto e setembro. Essa é a hora de pensar em como reaver os negócios lá na frente, e quem não fizer isso agora será atropelado.”
Explorar o calendário do próximo ano é uma das sugestões dadas por ele. “Se a empresa tiver boas ofertas, consegue permitir que haja entrada de caixa e, como consequência, passar melhor por esse processo”, diz ele. É preciso, contudo, garantir que a empresa poderá cumprir com o combinado.
Para o empreendedor Edemilson Morais, cofundador da Bem São Paulo, a solução foi ser proativo em relação aos adiamentos – e tirar o período para pensar nas próximas decisões. A empresa organiza roteiros pela capital paulista, atendendo brasileiros, turistas e empresas interessadas em projetos. Só na última semana, quatro grupos de turistas estrangeiros que viriam para cá tiveram sua programação cancelada ou adiada. “Até o final de abril, não temos previsão de operar nada”, afirma.
A empresa tem capital de giro suficiente para se manter por três meses, mas Morais diz se preocupar com os parceiros da empresa, como os guias de turismo, e com o papel do negócio na retomada do setor. Por isso, o foco atual é encontrar alternativas – como planejar programas que ajudem as pessoas a recomeçar a vida social e cultural quando o cenário se normalizar. “Vamos reunir a equipe e os parceiros em uma sala de reunião online e colocar todo mundo para pensar junto.”
Diálogo
Saber como lidar com os clientes neste momento é essencial. Robazza ressalta que empresas não devem oferecer empecilhos para o cancelamento de reservas. Podem, porém, incentivar as remarcações.
“Vale oferecer descontos, extensão de pacotes e até brindes para estimular essa opção em vez do dinheiro de volta”, afirma Robazza. Para isso, é preciso estar preparado para já oferecer novas datas e oferecer condições iguais ou melhores do que as das reservas atuais.
Não suma do mapa
Também é importante continuar se comunicando com os demais clientes – mantendo as redes sociais ativas, por exemplo. É também por lá, além de plataformas como o Google, que ele recomenda começar a divulgar ofertas e reservas futuras.
Com as medidas de isolamento adotadas na Espanha, o brasileiro Pitu, 33 anos, apostou na criatividade como uma alternativa. O músico mora em Madri há dois anos e garante sua renda tocando em shows e eventos na cidade. Quando teve toda a agenda cancelada, há uma semana, retomou uma ideia antiga que não sabia se daria certo: marcou uma apresentação virtual.
No início, o público esperado reunia amigos de várias partes da Europa e do Brasil. Cada um pagou 3 euros ou 10 reais – mas muitos acabaram convidando outros amigos para participar. No dia, Pitu estima ter reunido 200 pessoas. “Foram 80 dispositivos conectados, mas ninguém estava sozinho. E as pessoas foram honestas e pagaram não por acesso, mas por pessoa presente em casa.”
Para os próximos meses, ele conta com as aulas que oferece online para manter a renda. Os shows virtuais ainda estão em fase experimental – mas já há outro marcado para o próximo fim de semana. “Durante a apresentação, tinha gente na piscina, fazendo o jantar ou deitado de meias na cama. Todo mundo gostou muito da experiência”, diz.
PEGN