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Turismo Sustentável

Iniciativa de turismo sustentável monitora animais e plantas em áreas de uso turístico

Monitoramento peixe-boi-marinho - Crédito: Acervo FMA

Monitoramento de peixes-bois-marinhos, botos-cinza, caranguejos-uçá e manguezal contribui para o entendimento da relação entre o turismo e o ambiente natural.

Semanalmente, um grupo de especialistas em fauna marinha navega pelas águas do litoral paraibano em busca de peixes-bois-marinhos. A missão tem tudo a ver com turismo, mas eles não estão a passeio. O objetivo é observar e registrar os comportamentos dos animais na presença de embarcações turísticas, para compreender a relação do turismo com a biodiversidade e proporcionar aos turistas experiências verdadeiramente sustentáveis.

Quem faz o monitoramento das áreas de uso turístico é a Rota do Peixe-Boi-Marinho, uma iniciativa de turismo sustentável da Fundação Mamíferos Aquáticos (FMA) com atuação em territórios da Paraíba, Sergipe e Bahia, que vê a atividade como uma importante ferramenta para a conservação do peixe-boi-marinho e de seus habitats.

De acordo com Isis Chagas, bióloga marinha e pesquisadora da FMA, a rotina de monitoramento é um dos diferenciais da Rota do Peixe-Boi-Marinho: “Com os dados obtidos, podemos conhecer melhor a relação do turismo com o ambiente natural e a fauna marinha. As informações irão permitir o desenvolvimento de um turismo que seja bom para a comunidade e para os turistas, mas também para os animais e o habitat.”

Barra do Mamanguape, um paraíso compartilhado

Na Paraíba, a Rota do Peixe-Boi-Marinho está direcionada para a Área de Proteção Ambiental (APA) da Barra do Rio Mamanguape. Repleta de belas paisagens, a região concentra os chamados “sítios de fidelidade” dos peixes-bois-marinhos, locais usados com frequência pelos animais para alimentação, hidratação e descanso.

Para localizar os animais monitorados, a equipe percorre os sítios de fidelidade já identificados, dispondo ainda, em alguns casos, das coordenadas GPS emitidas pelo equipamento satelital e sinais de rádio VHF dos animais marcados com os transmissores. Mantendo uma distância mínima de 100 metros dos peixes-bois-marinhos, tudo é anotado em planilhas, desde o comportamento dos animais até o comportamento dos guias e turistas nas situações de avistagem, sem qualquer interferência dos especialistas. Todas as informações coletadas são posteriormente sistematizadas e armazenadas no banco de dados da FMA.

Botos-cinza também compartilham com os turistas e a comunidade as águas do litoral da Paraíba. Da mesma forma, o monitoramento dos grupos ocorre uma vez por semana, a fim de identificar se há mudança no comportamento dos animais com a presença de embarcações turísticas. Mas a observação dos botos é feita da praia, em três pontos fixos e com uso de binóculos. Para comparação, dois desses pontos, Barra do Mamanguape e Coqueirinho, são áreas utilizadas pelo turismo. No outro ponto, chamado de “controle”, não há qualquer tipo de atividade turística.

Na planilha, a equipe de monitoramento registra informações como as condições climáticas, a visibilidade da água (transparente ou turva), o tamanho do grupo de botos, composição (adultos e filhotes), além da quantidade de embarcações observadas no momento da avistagem e o número de pessoas presentes nela.

Nem só de mamíferos aquáticos é feita a Rota do Peixe-Boi-Marinho

Os manguezais, ecossistema costeiro de transição entre os ambientes terrestre e marinho, servem como berçário natural para diversas espécies marinhas, sendo também uma rica fonte de alimento para pessoas e animais. Além disso, os manguezais protegem as áreas costeiras contra a erosão, agindo como barreiras naturais contra eventos climáticos e poluentes. Sua vegetação densa também armazena grandes quantidades de carbono, ajudando a mitigar os efeitos das mudanças climáticas.

Compreender a relação do turismo com os manguezais é de grande importância para a conservação da biodiversidade. Por isso, a cada três meses, os profissionais adentram o manguezal na maré baixa para monitorar a vegetação e os caranguejos-uçá. A ideia é a mesma: coletar dados para comparação em áreas com usos diversos, sendo uma utilizada pelo turismo e outra de controle – com as mesmas características, mas sem uso turístico.

Nesses locais, os pesquisadores registram quantas galerias (tocas) de caranguejo-uçá existem em espaços demarcados, se estão abertas ou fechadas. Percorrendo as trilhas, também identificam as espécies de mangue (vermelho, branco e preto) e registram se houve corte, pisoteio, se faltam árvores, bem como se existem novos brotamentos e a condição dos indivíduos.

Segundo o coordenador da Rota do Peixe-Boi-Marinho, Diego Santos, as informações coletadas servirão para fortalecer boas práticas junto às atividades turísticas, favorecendo o uso público sustentável da Unidade de Conservação.

Serviço

Quem tiver interesse em uma experiência de turismo sustentável pode entrar em contato com a Rota do Peixe-Boi-Marinho pelo WhatsApp (79) 99164-0011 ou pelo e-mail: turismo.fma@mamiferosaquaticos.org.br.

A Rota do Peixe-Boi-Marinho é uma iniciativa de turismo sustentável realizada pela Fundação Mamíferos Aquáticos, em parceria com a Fundação Grupo O Boticário e o Ministério do Meio Ambiente. Visa promover a conservação dos peixes-bois-marinhos e de seus habitats, bem como o desenvolvimento econômico sustentável das comunidades locais.

Ascom FMA

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