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Por que ESG é vital para o futuro das cidades e das comunidades

ESG transforma cidades e fortalece comunidades - Imagem criada com IA por Ale Lontra

por Alessandra Lontra

Por muito tempo, o termo ESG – Ambiental, Social e Governança, foi associado ao mundo corporativo, aos grandes fundos de investimento e aos relatórios de sustentabilidade de multinacionais. Mas a realidade brasileira exige uma mudança de perspectiva: nenhuma estratégia de desenvolvimento será sólida se não chegar à escala dos municípios e das comunidades tradicionais, que são, na prática, a base onde a vida acontece e onde os impactos ambientais e sociais são sentidos primeiro.

Os números falam por si. Segundo o IBGE, 31,9% dos municípios brasileiros ainda destinam seus resíduos a lixões, a forma mais precária e nociva de descarte. Apenas 60,5% contam com coleta seletiva, e pouco mais da metade (55,9%) possui política de saneamento básico em vigor. Quando se olha para o Índice de Desenvolvimento Sustentável das Cidades (IDSC), a situação é ainda mais preocupante: cerca de 70% das cidades apresentam nível de desenvolvimento sustentável baixo ou muito baixo. E mesmo questões essenciais como o licenciamento ambiental, etapa básica para garantir que obras e atividades respeitem a legislação, só estão estruturadas em pouco mais de 30% dos municípios, caindo para cerca de 21% nos de menor porte.

Esses dados revelam que a urgência não é corporativa, é municipal. É na ponta que se decide se haverá tratamento de água, coleta de lixo, áreas verdes preservadas, geração de energia limpa e transparência na gestão pública. E é também na escala local que se encontram as comunidades tradicionais, quilombolas, indígenas, ribeirinhas, agricultores familiares, guardiãs de saberes ancestrais e práticas de equilíbrio com a natureza que o mundo inteiro tenta reaprender. Ignorá-las é não apenas injusto, mas também economicamente míope: seus modos de vida oferecem soluções testadas para a crise climática e para a economia regenerativa.

Aplicar ESG nos municípios significa criar indicadores simples, metas factíveis e governança participativa, que respeitem a realidade financeira de pequenas prefeituras e aproveitem a força das economias criativas. Significa integrar a merenda escolar com a agricultura familiar, estimular cooperativas de reciclagem, instalar energia solar em prédios públicos, fortalecer conselhos comunitários e divulgar com clareza onde o dinheiro público é aplicado. Cada passo, por menor que pareça, é um avanço gigantesco quando se trata de garantir água potável, ar limpo e renda digna para a população.

Os desafios são conhecidos: carência de equipes técnicas, orçamentos restritos, desigualdades regionais e, muitas vezes, a ausência de articulação entre saberes tradicionais e políticas públicas. Mas a oportunidade é igualmente clara: municípios que adotam práticas ESG atraem investimentos, captam recursos de editais nacionais e internacionais e ganham confiança da sociedade. Em um cenário global que valoriza sustentabilidade, quem prova compromisso local sai na frente.

O tempo de esperar soluções vindas de cima acabou. Prefeitos, vereadores, lideranças comunitárias e cidadãos têm a chance de transformar ESG em ferramenta cotidiana de gestão, e não em jargão de mercado. Cada lixão fechado, cada nascente protegida, cada conselho participativo ativo é um passo rumo a um futuro em que sustentabilidade deixa de ser promessa e se torna legado.

E você, vai continuar acreditando que a mudança depende apenas das grandes corporações ou vai exigir que a revolução ESG comece agora, no seu bairro, na sua cidade, na sua comunidade?

*Alessandra Lontra* é jornalista multimídia especializada em Turismo, mercadóloga e turismóloga provisionada pela ABBTUR. Com mais de 40 anos de atuação estratégica, é referência nacional em inovação no setor, com forte atuação em governança, roteirização, comunicação digital e inteligência artificial aplicada ao turismo. Lidera o portal Ale Lontra – Notícias em Movimento para um Turismo Além do Óbvio. www.alelontra.com.br.

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